UM NORDESTINO EM NOVA YORK
Um nordestino, cansado da fome e da seca do nordeste, ouviu um compadre seu falar que nos Estados Unidos não havia fome nem pobreza, que todo mundo tinha carro e era rico. Ele, então, resolveu entrar escondido em um navio que ia para Nova York e viajar como clandestino.
Mas chegando a Nova York e não conseguindo falar nem entender o inglês, o nordestino continuou a passar fome e, pior, a passar muito frio, pois era inverno no hemisfério norte.
Sentado em uma calçada e pronto para morrer, roxo de fome e azul de frio, o nordestino esperava apenas a morte. Ao passar pela calçada e ver o nordestino daquele jeito, um dono de circo mexicano levou-o até o circo onde ele tomou um banho quente, vestiu uma roupa limpa e fez uma bela refeição.
Ao levantar-se no dia seguinte o nordestino procurou o dono do circo mexicano para demonstrar-lhe sua gratidão:
- O senhor pode me dar qualquer serviço aqui no circo que eu o farei com prazer!
O dono do circo respondeu:
- Na verdade eu preciso que você me faça algo, preciso que vista uma pele de leão e lute com uma jibóia...
O nordestino aceitou, pois sem a ajuda do mexicano ele já estaria morto.
Na hora marcada o nordestino vestiu a pele de leão e entrou no picadeiro, do outro lado entrou uma jibóia de uns cinco metros de cumprimento. O nordestino sentiu o sangue gelar nas veias, ajoelhou-se e fez a seguinte oração:
- Meu padim padre Cícero, de Juazeiro no Ceará, num deixa esse bicho me matá!
Do outro lado do picadeiro a cobra ouviu a oração, colocou a mão na cintura e respondeu:
Ó chente bichinho, tu és de lá também?
Era outro nordestino, vestido de cobra!