DIREITOS
E DEVERES
Todos demonstram uma grande preocupação
com seus direitos, ninguém quer ser passado para trás,
mas não se preocupam tanto com seus deveres e na primeira
oportunidade atropelam o direito de alguém em benefício
próprio. As pessoas devem preocupar-se com o que lhes
é devido, mas precisam saber também os limites
que lhes são impostos.
Um dos exemplos mais evidentes disto é a luta entre
os proprietários rurais e os sem terra. Estes últimos
tem direito a um pedaço de chão para trabalhar
e sobreviver, mas se essa terra for no Estado do Acre eles
geralmente não aceitam, pois querem terra valorizada,
para poderem vender por um bom preço mais tarde.
Por outro lado os proprietários rurais têm o
direito de manter suas propriedades legitimamente registradas,
desde que produtivas, porque manter terras improdutivas à
espera de valorização é um crime contra
a economia do país e contra aqueles que querem produzir,
mas não possuem meios para adquirir a terra.
De ambos os lados existem direitos a serem respeitados, mas
há deveres que são simplesmente ignorados, como
o dever de preservar a vida, o dever de não fazer justiça
com as próprias mãos, o dever de não
destruir propriedades alheias, o dever de contribuir com a
ordem pública e o dever de não subtrair bens
pertencentes a terceiros.
Mas nenhuma das partes está interessada nos seus respectivos
deveres, são pessoas que armam milícias, que
ordenam a execução de inocentes com a desculpa
de preservar seus direitos, ignorando que o seu direito se
extende até onde inicia o do próximo.
O que me preocupa é que problemas como este podem deflagrar
uma revolta ou até mesmo uma guerra, que poderia matar
milhares de pessoas e arruinar com um país. Vejam o
exemplo da guerra entre árabes e judeus, tudo começou
com uma disputa de terras.
No decorrer da Segunda Guerra Mundial, grande parte dos árabes
estavam sob domínio alemão ou eram favoráveis
aos nazistas. Os aliados convocaram os judeus, que sempre
foram numerosos e poderosos, e disseram-lhes que se lutassem
ao lado deles, no final da guerra teriam a tão sonhada
Terra Prometida.
Os judeus aceitaram prontamente e organizaram uma força
que lutou nas principais batalhas da Europa. Ao findar o conflito
os aliados cumpriram a sua palavra, desalojaram os palestinos
do território que hoje se chama Israel e ali instalaram
o povo e o governo judeu.
Não discuto os direitos de cada povo, nem os direitos
dos aliados de interferirem dessa forma na vida de dois povos,
mas o resultado dessa disputa pode ser lido diariamente nos
jornais. Quantos inocentes já morreram e quantos ainda
vão morrer até que alguma potência ou
organização mundial interfira e resolva essa
questão?
E quanto a nós, até quando vamos permitir que
essa disputa por terra continue matando em nome da defesa
de um direito? Que o governo interfira logo, criando uma reforma
agrária séria, convincente e definitiva e proibindo
de uma vez essas invasões.
Lupércio Mundim