PELAS
ONDAS DO RÁDIO
O
radioamadorismo é uma das atividades, ou hobbies, mais
interessantes para se exercer, embora seja uma das mais caras
e trabalhosas. Existem dois tipos básicos de radioamadores,
os que mantêm contatos de curta e média distância
e os que se dedicam a contatos de longa distância, havendo
ainda aqueles que, como eu, gostam de ambas as modalidades.
Os primeiros, geralmente mantêm contatos com a mesma cidade,
estado ou país e, às vezes, com países
vizinhos. São pessoas que, geralmente, adoram longos
bate-papos e participam de atividades diárias em um determinado
horário, quando encontram, pelas ondas do rádio,
velhos companheiros.
Os que gostam de contatos de longa distância, em geral,
utilizam equipamento mais moderno e sofisticado e gostam de
papos curtos com pessoas nos mais distantes países do
planeta, geralmente em inglês, trocando a cada contato
um "Cartão QSL". Esses cartões são
utilizados para confirmar a realização dos contatos
e, assim, os radioamadores poderem requerer diplomas ou prêmios
nacionais e internacionais, como o conhecido prêmio Five
Continents Award. Para merecê-lo os radioamadores devem
confirmar pelo menos um contato em cada continente.
Mas o que dá mais prazer aos radioamadores, além
das inúmeras amizades, dos concursos e dos prêmios,
é a possibilidade de ser útil a alguém
em um caso de necessidade. Por isto todas as atividades importantes
no Brasil e nos demais países do mundo, como eleições,
vacinações, emergências e catástrofes,
recebem importante apoio dos radioamadores quanto à comunicação
entre as equipes participantes e o controle da operação.
Em uma tarde de sábado eu estava procurando um contato
na freqüência dos "40 metros" e escutei
um chamado de emergência destinado a radioamadores de
minha cidade, Goiânia - Goiás. Respondi o chamado
identificando-me e colocando-me à disposição.
Era um radioamador de uma pequena localidade do Amazonas que
reportava uma emergência médica, dizendo que o
único médico da cidade estava de férias
na casa de amigos em Goiânia, fornecendo-me o telefone
para contato.
Telefonei imediatamente para o médico e expliquei-lhe a emergência,
em seguida conectei o telefone ao rádio através
de um equipamento popularmente chamado de "Maricota"
e o médico passou a dar instruções ao radioamador
amazonense sobre que medidas tomar para salvar a vida de sua
cliente. Esse contato foi repetido algumas vezes até
que recebemos a notícia de que a cliente estava fora
de perigo. Eu já havia esquecido esse fato quando recebi
uma carta do amazonas, curioso abri o envelope e vi que era
um cartão postal da senhora que ajudei a socorrer e que
talvez nunca venha a conhecer. Ela dizia, de forma simples e
direta: "Obrigada por salvar minha vida, se um dia vier
ao Amazonas a minha casa é sua!" Os radioamadores
logo esquecem os auxílios que prestaram, pois a única
recompensa que esperam é a do dever cumprido, por isto
uma carta como essa nos emociona tanto e por isso a guardo como
a um tesouro.
Assim são os radioamadores, pessoas que utilizam seus
momentos livres com atividades fraternais, recreativas, construtivas
e, às vezes, essenciais, sempre envolvendo a comunicação
entre os seres, não importando as distâncias e os meios utilizados.
Lupércio Mundim - PP2DX