DA PIZZA NAPOLITANA AO SCALA DE MILÃO
Ao chegarmos a Nápoles e visitar sua baía, tivemos que concordar com o ditado: Ver Nápoles e depois morrer! Mas ao experimentarmos a famosa Pizza Napolitana concluímos que a nossa é muito melhor. Passeamos pela cidade com suas vielas e casas antigas, onde nunca falta uma roupa pendurada na janela. Gostaria de passar uns meses ali, se pudesse, mas nosso tempo estava acabando.
Em Nápoles nos demos ao luxo de alugar um carro para visitar a região. A cidade de Sorriento, imortalizada pela famosa canção Torna Sorriento, parece que foi montada ali, naqueles montes avermelhados sobre o mar, apenas para que a admirássemos. Como é bela! Fiquei imaginando o trabalhão que a população local deve ter para ir se banhar no mar, descendo aqueles penhascos. Aposto que ali tem um bom hospital.
Outra viagem que fizemos foi à cidade de Pompéia. Fiquei impressionado como uma cidade inteira foi salva enquanto a maioria de seus habitantes eram mortos. No ano de 79 AC Pompéia era uma das cidades mais importantes do Império Romano. Repentinamente o vulcão Vesúvio, que fica muito próximo da cidade, teve uma violenta erupção, cobrindo a cidade de cinzas e matando seus habitantes sufocados com a fumaça.
Séculos depois, a Prefeitura de Nápoles, que na época do cataclismo em Pompéia era apenas uma pequena vila, resolveu criar uma tubulação para levar o esgoto da cidade para o alto mar, contornando a baía. No meio das escavações toparam com uma cidade soterrada em perfeitas condições. Deixaram a tubulação de lado e começaram a desenterrar Pompéia, que hoje já está quase toda exposta.
Comecei a andar pela cidade e a cada passo mais me impressionava. Tudo estava exatamente como no dia da tragédia, casas, vendas, palácios, o fórum e as termas. Comecei a me sentir um centurião romano, caminhando por aquelas ruas calçadas de pedra. Entrava nas casas e até os afrescos nas paredes estavam perfeitos. No museu da cidade encontramos até antigos moradores perfeitamente conservados pelas cinzas. Alguns destes moradores tinham moedas de ouro nas mãos e uma expressão horrível no rosto, revelando que devem ter retornado à cidade para buscar suas riquezas ou para saquear e acabaram morrendo sufocados.
Depois de passearmos pela região, voltamos para Nápoles impressionados, ninguém é mais o mesmo após ter visitado Pompéia. A Itália talvez seja o país a guardar as maiores riquezas culturais e históricas do planeta, cada cidade nos trazia uma surpresa maior. No dia seguinte nos despedimos de Nápoles para retornar a Roma, de onde partiríamos para novas aventuras, agora em direção ao norte.
Depois de uma semana nos despedindo de Roma (pois pensávamos que nunca mais voltaríamos), pegamos uma carona para Milão. Se fôssemos comparar a Itália ao Brasil, Nápoles seria o Rio de Janeiro e Milão seria São Paulo. Milão é uma cidade de tons mais cinzas, com belos prédios centenários e uma indústria muito atuante. A primeira coisa que fiz foi me dirigir ao Scala de Milão, para cantar em suas escadarias, porque deste modo eu poderia dizer aos meus parentes e amigos que cantara no Scala de Milão!
Precisávamos nos dirigir a Genebra, Suíça, onde nos encontraríamos com minha prima Dorinha, que lá estudava. Dorinha iria nos entregar mais quinhentos dólares para, dali, sairmos para conhecer os demais países da Europa. Quando vimos que nossa economia estava reduzida a alguns poucos dólares, partimos para Genebra.
Lupércio Mundim
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