My Self


Sou gota d'agua,
sou cristalina,
sou efêmera,
sou quase um sonho
que se evapora sob o calor do sol...

Sou correnteza,
sou cachoeira,
sou o que não se prende,
sou viajora, viajante,
sou sedentária, sedenta
e indiferente ando à revelia das noites,
dos climas e dos dias...

Sou cerne puro
Trabalhado pelo tempo,
ou madeira e sou pedra sem que se saiba
o quanto de cada eu sou...

Sou o que se busca hoje
e não mais se encontra.
Sou o que sofreu a ceifa,
o sol, a chuva em tempestades de granizo
e a areia enterrou-me o respirar
e solidificou minha natureza ancestral...

Sou flor do campo,
sou resistente ao tempo
e a noite não me assusta.

Sou suave quando pela manhã discreta
enfeito um pedacinho árido do cerrado...
Sou frágil quando colhem-me
na tentativa de tornar-me decorativa
entre quatro paredes...

Sou rosa, azul, vermelha, amarela,
sou duradoura na dureza do tempo
e não suporto a mão delicada
de quem quer ostentar-me...
então pareço morta...
Sou pedra bruta
bruta, obstinada, quieta,
parada, fincada.
Não há olhos por mais que tenham vivido
que puderam perceber meu lapidar...
Porque devagar, passo como a adormecida da Natureza,
enquanto me faço e desfaço no silêncio
dos séculos,
discreta e estóica!





Autora: Beth Costa

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